Dia de Reis...
O início de um beijo ao revés
Eu vou pegar o buzu
Eu vou pegar na buzunfa
Eu vou pagar com cheque
Eu vou ficar em cheque
Eu vou abordar a polícia
Eu vou entrar no bulício
De lá não vou sair mais
Vou perder a minha paz
Vou ser um moço escroto
Minha maturidade acabou
De noite vivo em copo de bebida
De dia dou-lhe um tapa na barriga
Em final de briga
Veja só que teimosia.
Pertinente ou não
Já não me preocupo com a coerência
Ela se forma é na impertinência
Com os amigos de repique eu não me preocupo mais
Bala espoleta cacete feijão
Estilingue porrete um soco, a mão
A desordem só existe porque há ordem
E o homem só existe porque há mulher
E qual é o homem que não quer
Ficar debruçado no colo aconchegante
De uma mulher arfante?
Não obstante, um homem disse que a experiência não valia
Que o colo de uma mulher o estremecia
Ficar de bruços naqueles seios macios
Se perder naqueles pequenos rios
Não era atividade para aquele jovem
Que se deliciava na dureza
“A noite não combina com a moleza”
Dizia o herói da safadeza
A boêmia ganha toda a sua poesia é no fim do dia
Quando as portas se abrem
E a festança de comes e bebes ressurge no caldo que se dava aos pobres nas portarias dos conventos.
Ah! Esses eventos da mocidade, a juventude se embebeda de tanta liberdade
A beata se torna pagã
E quando (depois da folia) se apresenta a luz do dia
Estão todos juntos na padaria
Procurando bolo pão café ambrosia
Para degustar a beleza que é a burguesia
E assim
Aproveitar o que é ruim
A quarta-feira de cinzas
ao lado da avó Josefina
tricotando roupas finas
que nunca serão usadas.