segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Carnaval

Dia de Reis...

O início de um beijo ao revés

Eu vou pegar o buzu

Eu vou pegar na buzunfa

Eu vou pagar com cheque

Eu vou ficar em cheque

Eu vou abordar a polícia

Eu vou entrar no bulício

De lá não vou sair mais

Vou perder a minha paz

Vou ser um moço escroto

Minha maturidade acabou

De noite vivo em copo de bebida

De dia dou-lhe um tapa na barriga

Em final de briga

Veja só que teimosia.

Pertinente ou não

Já não me preocupo com a coerência

Ela se forma é na impertinência

Com os amigos de repique eu não me preocupo mais

Bala espoleta cacete feijão

Estilingue porrete um soco, a mão

A desordem só existe porque há ordem

E o homem só existe porque há mulher

E qual é o homem que não quer

Ficar debruçado no colo aconchegante

De uma mulher arfante?

Não obstante, um homem disse que a experiência não valia

Que o colo de uma mulher o estremecia

Ficar de bruços naqueles seios macios

Se perder naqueles pequenos rios

Não era atividade para aquele jovem

Que se deliciava na dureza

“A noite não combina com a moleza”

Dizia o herói da safadeza

A boêmia ganha toda a sua poesia é no fim do dia

Quando as portas se abrem

E a festança de comes e bebes ressurge no caldo que se dava aos pobres nas portarias dos conventos.

Ah! Esses eventos da mocidade, a juventude se embebeda de tanta liberdade

A beata se torna pagã

E quando (depois da folia) se apresenta a luz do dia

Estão todos juntos na padaria

Procurando bolo pão café ambrosia

Para degustar a beleza que é a burguesia

E assim

Aproveitar o que é ruim

A quarta-feira de cinzas

ao lado da avó Josefina

tricotando roupas finas

que nunca serão usadas.