sexta-feira, 7 de maio de 2010

Tarde de Amor

Um outro dia de chuva, porém este permanecia sereno. Novamente estava caminhando pela praça, procurando por uma liberdade para viver e desfrutar daquele grande amor que tendia a aflorar. Ao meu lado: um casal apaixonado, um mendigo desvairado, restos de comida junto ao corpo de um torto que não mais tinha o gosto pela vida. Esperei sossegado com um curto olhado que não ia além daquilo que eu escrevia. Em um movimento circular eu a vi chegar e logo me empolguei com o lindo cabelo curtinho e aquele queixo e seu furinho.

Ah! Queria eu que ela fosse minha gueixa, no caso dela não japonesa, mas francesa, com aquela beleza tradicional que desempenharia o papel de hospedeira e dama de companhia. Atiramos-nos em um passeio desses em que os devaneios são mais fortes e te arrancam toda aquela visão centrada que tendemos para o norte. Ai! Mas que sorte aquele momento com aquele sorriso sincero e aquele olhar estonteante que me penetrava a mais profunda das escavas do meu peito. Sentia o enorme desejo de lhe dar um beijo e não se importar com as consequências das ardências posteriores. Mas não o fiz, tinha medo de entristecer quem já estava feliz. Fiquei calmo e disse o que se diz para uma mulher com uma franqueza pura que se quer. Falei com sinceridade tudo que havia acontecido desde aquela minha idade em que não sabia o que era o amor.

Chegando ao café sentei-me como um qualquer em uma mesa qualquer, para sentir novamente a descoberta da sua beleza. Ficava observando os seus movimentos, atento, para qualquer olhar que viria aos meus. Ela estava muito parecida com a primeira vez que a vi, bordada de xadrez. Ah, mas como eu queria que fosse a minha ocasião de mostrar como pode vingar essa minha paixão, esse meu amar. Naquele momento eu me esqueci dos problemas do meu cotidiano quase secular. E como a noite ia se firmando, em um pequeno momento de lucidez eu resolvi partir. Um abraço apertado, gostoso e um pouco amargo. Um olhar recíproco, contente. Foi a nossa linda tarde de amor, de afeição, de afeto, de amizade, de apego, de dedicação, de ternura e de idolatria. E foi assim que a deixei, sereno, pois sabia que mais tarde eu iria reencontrá-la para tomar um sorvete. Ilustres refrescos congelados de leite.

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